Uma xícara de café de bosta de elefante custa cerca de cem reais. O precioso café apenas pode ser encontrado nas melhores casas do ramo na Tailândia e também nas Ilhas Maldivas e Abu Dabi. Um quilo do pó custa cerca de dois mil reais.
É o que dizem os principais noticiários neste final de 2012.
Os vinte elefantes selecionados para produzir a nova modalidade de café tomam banhos diários, são bem tratados e recebem cuidados muito especiais. A dieta deles é programada de modo a balancear os ingredientes: grãos de café arábica, cana de açúcar e banana e mais sobremesa com outros vegetais.
Após a ingestão, o café é naturalmente tratado por meio de ácidos, dentro do intestino do animal, processamento esse que dura entre quinze e vinte horas. Em seguida, os grãos de café são expelidos pelas vias naturais, juntamente com a parte inservível da bosta. Funcionários treinados fazem a coleta dos grãos imediatamente após a ... bem, todos sabem.
Conservacionistas inicialmente ficaram preocupados com a possibilidade de os elefantes se tornarem viciados em cafeína, mas logo em seguida a Golden Triangle Asian Elephant Foundation considerou a ideia interessante. Sete por cento das vendas do café de bosta de elefante são destinados à Golden Triangle que cuida da preservação dos elefantídeos asiáticos.
O alto preço do café do paquiderme se justifica plenamente, uma vez que de cada trinta e três quilos de grãos de café ingeridos pelo animal apenas um quilo sai em condições de aproveitamento. Os trinta e dois quilos restantes transformam-se em bosta mesmo.
Além da baixa eficiência dos vinte elefantes processadores, que desperdiçam cerca de 97% da matéria prima, os grãos são originados de uma única plantação de café arábica localizada no Triângulo de Ouro, tríplice fronteira aonde Mianmar (Birmânia), Laos e Tailândia convergem. Esse local foi, durante séculos, ponto de encontro dos traficantes de ópio e de heroína.
Mulher no momento da coleta?
Não é bem assim. A imagem é meramente ilustrativa, como dizem os comerciais.
Os grãos saem misturados com a bosta e cabe às mulheres fazer a separação dos grãos adequados à etapa seguinte. Sem dúvida, são grãos selecionados.

Com as mãos na massa.
Conforme se percebe, é um serviço muito delicado e o café de cocô de elefante não é para quem quer, é para quem pode pagar o alto preço.
C´est le dernier cri pour le connoisseur.
Logo mais, certamente, o café Marfim Negro estará à venda no Brasil. Mas, quanto custará? Haverá clientes?
Sabe-se que a ideia partiu do canadense Blake Dinkin, que já trabalhava com cafés finos, mas há dúvidas sobre o modo como ele descobriu que os grãos contidos na bosta produzem café de excelente qualidade.